quinta-feira, 24 de maio de 2012

Apresentação do livro do Elias


Apresentado o livro do Elias Vaz, o jornal Raiano fez uma reportagem que abaixo se transcreve. 
O livro encontra-se à venda no Centro Cultural Raiano e também no Posto de Turismo de Monsanto.
Parabéns, Elias.


             Apresentação do livro MONSANTO NAS FRAGAS DO TEMPO

            No âmbito do Programa da Festa do Castelo ou da Divina Santa Cruz, no passado dia 5 de Maio foi apresentado no Posto de Turismo de Monsanto, perante numerosíssima assistência, o livro da autoria de Elias Vaz, editado pela Câmara Municipal de Idanha-a-Nova que, nesta cerimónia de lançamento, foi representada pelo seu Presidente, Engº Álvaro Rocha, e pelo Vereador com o Pelouro da Cultura, Engº Armindo Jacinto.



 
           A apresentação do livro esteve a cargo da Professora Doutora Ana Isabel Buescu que proferiu o discurso que a seguir se transcreve na íntegra:
            
 “ Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, Engº Álvaro Rocha,
Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, Engº Armindo Jacinto,
            Presidente da Junta de Freguesia de Monsanto, Sr. Adelino Régio,
            Cónego Vítor Vaz,
            Dr. Elias Martins Vaz,
            Queridos Familiares e Amigos

Escrevo estas breves palavras de apresentação da obra Monsanto nas fragas do tempo, de baluarte concelhio a aldeia histórica, por amável convite do seu Autor, numa dupla condição: a de historiadora e de “filha” da terra, já que aqui viveram os meus Avós, Sebastião da Costa Carvalhão e Etelvina de Lemos Viana, e daqui foi natural a minha Mãe, Maria Leonor Carvalhão Buescu. Desde que nasci, e aqui fui baptizada pelo Padre Vítor Vaz na Igreja Matriz, Monsanto foi o lugar das minhas raízes familiares e afectivas, e de muitas das minhas memórias. Foi portanto com muito gosto e natural emoção que aceitei apresentar um livro que toma como objecto de estudo esta tão singular terra que é Monsanto da Beira.
            Pelas particularidades de uma longa e por vezes obscura e fascinante história, Monsanto concitou, nomeadamente ao longo do século XX, a atenção e o estudo de etnólogos e historiadores, arqueólogos, filólogos e linguistas. Destaquemos os nomes de Jaime Lopes Dias, Fernando de Almeida, Maria Leonor Carvalhão Buescu, Maria Manuela Milheiro, Maria Adelaide Neto Salvado, António Catana, que deram – e dão – a conhecer múltiplos aspectos desta história rude e milenar, sob prismas diferentes mas confluentes, arrancando ao esquecimento, num mundo que os vai tornando invisíveis, histórias, memórias, quotidianos, tradições, medos e crenças de outros tempos, mas que fazem parte do nosso património colectivo.
É, pois, na sequência de uma galeria de estudiosos que nos encontramos, agora, perante a obra de Elias M. Vaz sobre Monsanto e a sua história. Necessário se torna, desde logo, sublinhar o horizonte largo sobre o qual incide a investigação, que surpreende: trata-se de estudar a história de Monsanto num arco cronológico que vai da Pré-História à actualidade, embora com especial incidência no período em que foi sede de Concelho, entre 1174, ano do foral concedido pelo primeiro monarca português, e 1848, quando, já no quadro do regime liberal instaurado em 1820 e das profundas transformações que acarretou, também na malha político-administrativa do país, Monsanto perdeu o estatuto de município autónomo. Projecto ambicioso, cujos perigos o Dr. Elias Vaz ultrapassa pelo rigor de uma investigação muito ampla e completa contemplando uma grande massa de fontes documentais e arquivísticas, fontes impressas e estudos, que conhece e maneja com o à-vontade do historiador. A estas, junta-se um conhecimento directo e pessoal de lugares, sítios e sinais de Monsanto, que dão ao Autor não uma proximidade subjectiva mas uma condição privilegiada para deles recolher informação única e historicamente significante.
Na sua investigação, ampla e complexa, o Autor projecta e alcança articular os patamares da história local e regional e da história nacional, evidenciando a sua preocupação em nunca deixar navegar sozinha a “nave de pedra” que é Monsanto…, mas em inscrevê-la numa realidade mais ampla que é a das dinâmicas da história nacional. Assim, a história desta terra, nos seus diferentes momentos e dimensões, é aqui minuciosamente tratada e desvelada por uma investigação criteriosa, mas não de forma isolada de um contexto de maior escala. Na verdade, as vicissitudes e os momentos da história de Monsanto são sempre considerados segundo um duplo prisma, que enriquece o conjunto: o prisma da história local e das suas especificidades e pormenores, em articulação com o da história de Portugal, quer seja no que diz respeito ao contexto que vai da Pré-História e do povoamento primitivo ao início da nacionalidade, destacando a importância da Ordem dos Templários, a centralização do poder com o rei D. Manuel, a importância da minoria judaica e a Inquisição, o processo da Expansão marítima, a presença de Monsanto e dos seus procuradores nas Cortes régias, apresentando pedidos e reivindicações, as Invasões Francesas, a Revolução liberal de 1820… Em qualquer destes momentos podemos divisar os rostos e até os nomes de monsantinos de outros tempos, em situações de guerra ou de paz, de prosperidade ou de sofrimento, no quadro mais geral daquilo que foi sendo o reino de Portugal nas vicissitudes da sua história.
Aspecto não menos importante é o facto de, pelas próprias características da investigação levada a cabo em arquivos, nomeadamente na Torre do Tombo, e bibliotecas, o Autor pôr à disposição dos leitores, e futuros investigadores, um importante conjunto de documentação inédita ou pouco conhecida relativa a Monsanto, bem como documentos em latim, apresentando-os aqui em tradução para português. Estabelecendo uma ligação dinâmica com o próprio texto, e valorizando-o, são as muitas imagens a cores, escolhidas com critério, que integram a edição, remetendo-nos, pela imagem, para este património comum de uma terra do interior do país, tantas vezes esquecido. No final, muito úteis para a história mais recente são os quadros cronológicos e listas dos Párocos e Autarcas desde a implantação da República em 1910 até aos dias de hoje. Nomes, rostos, imagens, palavras, que fazem parte da memória de Monsanto e de um futuro que, não esquecendo o passado mas valorizando-o sem o adulterar, possa, como o Autor preconiza, projectar um património único. O título que escolheu para a sua obra é bem prova dessa relação dinâmica: Monsanto nas fragas do tempo, de baluarte concelhio a aldeia histórica. Passado e futuro numa aliança que se quer geradora de novas potencialidades para esta terra e as suas gentes. Para preparar o futuro, o passado, que transporta identidades e memórias, não pode ser obliterado, pois é precisamente ele que, no quadro do mundo contemporâneo e dos seus desafios, lhe confere uma especificidade e singularidade únicas.
Pelas razões que aqui apenas sintetizo, está de parabéns o Dr. Elias Martins Vaz, que levou o seu projecto a bom porto. Uma palavra é também devida a tantos monsantinos que, com as suas memórias vivas, generosamente contribuíram para este livro, como é aliás assinalado pelo seu Autor. Não poderia terminar sem incluir nesta felicitação a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, na pessoa do seu Presidente, Engº Álvaro Rocha que, em momentos difíceis para todos nós, portugueses, enquanto entidade colectiva e também ela milenar, entendeu promover e patrocinar a cuidada e graficamente apelativa edição de uma obra que torna mais amplo o conhecimento da história de uma das terras mais emblemáticas do seu Concelho.
Finalmente, de parabéns estão também todos aqueles que, monsantinos ou não, amam Monsanto, o seu património, a sua história, os seus segredos e as suas memórias”.
Ana Isabel Buescu
                            
           O autor agradeceu as referências elogiosas ao seu trabalho, o apoio prestado pela Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e, em complemento do artigo publicado no anterior RAIANO, fez uma dissertação sobre alguns temas específicos da sua investigação,  sublinhando que o livro representa o seu “contributo a Monsanto”, terra que foi o cenário do seu berço.






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