segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Padre José Pedro In Memoriam

Chegou-nos, via email, esta missiva que aqui reproduzimos, tal como foi recebida, por considerarmos que é de todo o interesse o testemunho de alguém que conheceu tão bem o fundador do Colégio.

"Subject: Padre José Pedro In Memoriam
Date: Sun, 19 Dec 2010 23:04:48 +0100
Ha varios dias que tento enviar este correio ao vosso blog sem consegui-lo, tento com outra direccion, a ver se assim tenho mais sorte.
Eu sou Isabelle, a mulher de José Martins Gonçalves Pedro. Vivemos juntos durante 24 anos e, para mim, ele segue e sempre seguira vivo. Fiquei muito emocionada quando descubri o vosso blog e tudo o que lá vem. O meu marido e eu guardamos uma recordação muito bonita da nossa visita do 24 de agosto de 1986 a Aldeia do Bispo, Aldeia de João Pires e Medelim e do fantástico recebimento que nos foi dado. Para ele foi, sem lugar a dúvida, um dos dias mais emotivo e feliz da sua vida. Não importa que não haja sido possível levar a cabo a homenagem pública que um de vos tinha em mente porque a melhor homenagem esta nas vossas palavras, nas lembranças que dele tendes.
Eu sou quem melhor o conheceu porque comigo viveu mais tempo de forma continua que com ninguém, inclusive a sua familia mais próxima. Efectivamente, como qualquer ser humano, o meu marido teve os seus êxitos e os seus fracassos mas sempre foi uma boa pessoa, sem maldade. Ele tinha muitas qualidades e também muito gênio. Ele era brilhante, inteligente, idealista, imaginativo, um pouco utopista(mas sem utopistas, o mundo não avança), ávido de aprender, activo e extremada mente generoso, um volcão em perpetua erupção como dizia dele o Padre Miguel. Os seus defeitos eram os das suas qualidades : impulsivo, teimoso, ele não escutava conselhos de ninguém e,por isso fez uns disparates e igualmente deixou-se enganar, até por gente que ele tinha ajudado e que depois mordeu a mão que a tinha sacado do poço. Mas tudo isso ficou atrás. O mais destacavel são as numerosas coisas boas que fez todo a sua vida, a ajuda que prestou sempre que pudia, de forma sincera e desinteressada. O Zé Pedro, o Padre Zé Pedro era dessas pessoas que nunca se esquecem.
O meu marido falava muito da importancia que teve para a fundação do colegio o apoio dos seus pais, a Sra Da Maria Adelaide e o Sr Jeronimo e do Padre Miguel, o seu grande amigo ( que tinha nascido o mesmo dia, 11 de maio, 20 anos antes ; quando se conheceram tinham respectivamente 8 anos e 28 ), bem como destacava o grande trabalho do seu irmão Augusto, mais tarde, como diretor do colegio.
Eu lei muitas vezes "Faleceu o Padre José Pedro" e "A fundação do colegio de Medelim". Bem Hajas por cada uma das vossas palavras.
Estaria muito agradecida se alguém puder facilitar-me uma cópia do jornal de Aldeia do Bispo, "O Xendro" que saiu depois da nossa visita de 1986.
Peço desculpas pelo meu deficiente Português mas faço o que posso.
A todos desejo um bom Natal e um muito feliz 2011."

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Feliz NatalPara todos os antigos alunos, professores e funcionários do Colégio, bem como para todos quantos por aqui passam, votos de:

Feliz Natal e Próspero Ano Novo

Nota: A foto, representando a adoração do Menino Jesus pelos Pastores, é de uma pintura a óleo sobre tela incorporada no retábulo da Misericórdia de Proença-a-Velha.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Fotos do 5º Ano/Ano lectivo de 1962/63

Fotos antigas - 1962/63Caros colegas
Fiquei muito feliz quando por mero acaso descobri o nosso Blog, que tenho seguido com regularidade e que já me fez reviver bons momentos da minha juventude.
Os meus Parabéns aos autores da iniciativa.
Fotos antigas - 1962/63
Não estou muito familiarizado com estas coisas, no entanto vou inserir 2 fotos dos alunos do 5º ano, ano lectivo de 1962/63, uma só de rapazes e outra mista.
Desejo a todos os antigos alunos, professores e demais colaboradores do Colégio e respectivas famílias, Um Feliz Natal e um 2011 Fraterno e Solidário.
Tó Pedro

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

De volta aos professores de Francês

    Já por aqui se falou dos meus professores de Francês; no 1.º ano o P. Lamego, no 2.º ano o Eng. Ressurreição e no 3.º ano a Dr.ª Júlia. 
     No 4.º e no 5.º tive o mesmo professor, de que muitos se recordarão pois tinha, também ele, um carisma muito especial. Refiro-me, como muitos certamente já estarão a pensar, ao Dr. Iésus, Iésus Heráclito Gomes, creio que era este o nome completo. Tinha ascendência indiana, era pequeno e franzino mas muito activo, ágil e enérgico... era de facto único… parece que tínhamos professores que eram escolhidos a dedo! 
     Vivia com o Dr. Mesquita, o professor de Inglês que veio substituir o Dr. José Rafael, (para grande desgosto de muitas das nossas colegas…), ali no Bairro Novo junto ao cruzamento das estradas que vão para Idanha-a-Velha e Proença-a-Velha. 

     Uma das histórias que guardo na memória passou-se no 4.º ano, na sala do rés-do-chão, ali em frente às casas da D. Irene e do Eng. Ressurreição e D. Helena. 

     Era hábito do Dr. Iésus sentar-se, de quando em vez, num dos cantos da secretária, em posição tipo Ioga, coisa que ele fazia com relativa facilidade e rapidez… encostava-se à secretária, apoiava as mãos, dava um pulinho e aí ficava ele sentado, sem qualquer interrupção daquilo que estava a dizer, como se nada fosse com ele. 
     Claro que isto chamava a atenção pois não era normal um professor dar a aula sentado em tal posição, mas com o andar do ano acabamos por nos habituar e a determinada altura já ninguém reparava se estava a dar a aula sentado na cadeira ou no canto da secretária… 

     Ora certo dia, já em plena época de chuvadas, o Dr. Iésus apareceu com um gabardine nova, todo bem aperaltado, levando logo as meninas a meterem-se com ele, elogiando a qualidade e a beleza da nova indumentária. Ele a princípio fez que não ligava aos piropos, mas lá acabou por dar conversa, dizendo que tinha comprado a gabardine não por ser bonita e lhe assentar muito bem mas, fundamentalmente, porque era muito boa para esta época, pois tinha um tratamento especial que não deixava entrar gota de água; a chuva caía e deslizava pelo tecido que permanecia sequinho. 

     Passado este pequeno momento de conversa lá se passou à matéria e a aula lá foi avançando até que, a dada altura, o Dr. Iésus se sentou na sua posição predilecta no canto da secretária, coisa a que já ninguém ligava… 
     Aliás saía desta posição com a mesma rapidez e facilidade com que se sentava; as mãos apoiadas na secretária, um pequeno impulso, um pulinho, e aí estava ele de pé no estrado, sem ter interrompido o que estava a dizer… 

     Não foi assim nesse dia… ao pular da secretário calou-se de imediato, e como que paralisou, ao ouvir-se o som de algo a rasgar… pois foi, a gabardine havia ficado presa num prego do tampo da secretária e quando o Dr. Iésus se virou e levantou a parte de trás lá estava, bem visível, um pequeno rasgão em forma de L. 
    Toda a turma olhou de repente, dois ou três não conseguiram suster uma pequena risada, logo abafada perante a cara de desolação do professor… 

     Perante esta situação algumas das meninas começaram de imediato a tentar confortar o professor dizendo-lhe para não se importar porque o rasgão era muito pequeno e que, depois de bem cosido, nem se dava por ele… 
     Contrariamente ao que lhe era habitual demorou um pouco a reagir, mas lá recuperou e ao fim de algum tempo acabou por retorquir: 

     - O que me preocupa não é o notar-se, ou o deixar de se notar, o problema é que agora a gabardine já nunca mais vai ser a mesma, perdeu as suas propriedades de impermeabilidade, ficou com um ponto fraco pelo qual a água poderá a partir de hoje entrar!... 

     Com o tempo é evidente que o Dr. Iésus se esqueceu do problema de impermeabilidade da gabardine, mas nunca mais esqueceu o ocorrido e, a partir desse dia, sempre que queria sentar-se na sua posição favorita demorava uns segundos, primeiro a olhar com atenção, e depois a passar a mão ao de leve pelo tampo da secretária, a certificar-se, não se desse o caso de haver algum prego fora do sítio que pudesse, ao levantar-se, provocar-lhe mais algum dissabor… 

Nada que uma visita a Paris não faça esquecer... e se não puder ser real seja pelo menos em pensamento, através desta canção de Joe Dassin ... e viajemos então até aos campo Elíseos!...
          Aux Champs-Elysées
          Aux Champs-Elysées
          Au soleil, sous la pluie, à midi ou à minuit
          Il y a tout ce que vous voulez
          Aux Champs-Elysées

Joe Dassin - Les Champs-Elysées 1970
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