sábado, 2 de fevereiro de 2013

O Ti Zé Miguel



Ti Zé Miguel (clique para ampliar)
Taberna do Ti Zé Miguel (clique para ampliar)


  O Entrudo era sinónimo de alegria na nossa região, e muita dessa alegria podemos garantir que se devia a alguma fartura que se vivia na maioria dos lares nesta época do ano. Essa fartura (e o termo fartura deve aqui ser lido com o respectivo enquadramento sócio-regional da época) viria não só dos rendimentos obtidos na (ou com a) azeitona, mas sobretudo porque era nesta época que se matava o porco (com vossa licença) e as cozinhas das nossas casas se enchiam com toda a variedade de artigos de fumeiro.
  Entre a rapaziada do colégio (que me perdoem as meninas, mas isto na época era só mesmo para rapazes) era então costume, nomeadamente entre aqueles mais espigadotes, de quando em vez trazerem uma chouricinha, como reforço da merenda, a qual seria religiosamente partilhada na tasca do Ti Zé Miguel.

  O Ti Zé Miguel era uma das figuras mais conhecidas de Medelim e dos estudantes do Colégio. Era um taberneiro à antiga, que acolheu com ambas as mãos a vinda do Colégio para a sua freguesia e que tratava a rapaziada como se fosse de família… Por isso a Taberna do Ti Zé Miguel era ponto de passagem obrigatório sempre que havia qualquer coisinha para petiscar… e de uma coisa podíamos ter a certeza, fosse Entrudo ou qualquer outra época do ano, sempre que havia um petisco a primeira rodada era por conta da casa…


Taberna do Ti Zé Miguel (clique para ampliar)
Taberna do Ti Zé Miguel (clique para ampliar)
Nota: As fotos foram retiradas daqui

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 Localização dos edifícios do Colégio e da Taberna do Ti Zé Miguel

clique para ampliar

http://binged.it/XQnbrC

6 comentários:

Manuel Borges disse...

Assim de repente ao ler este interessante artigo do A Prohensa digo não me lembrar nada da taberna do Ti Zé Miguel apesar de a sua cara de certo modo patusca me lembrar alguém.Há várias explicações para isto estar a acontecer. A primeira é que eu natural de AB e filho de taberneiro não entrava "noutra" que não a minha.Outra, é que os petiscos seriam de tal modo bem regados que a amnésia era o resultado inevitável de tal visita e que perdurou pelos anos.Mas,a mais que provável razão, é que os anos e já são alguns, me levaram a encaixotar algumas recordações em gavetas que já não abrem. E que dizer da cara do Ti Zé Miguel? ela faz recordar sempre alguém nosso conhecido, pela patusca simpatia que irradia.Se conseguir abrir a tal gaveta darei conta do facto.....

prohensa disse...

Caro Manuel Borges eu tenho ideia que a taberna já existia desde o início do Colégio em Medelim, mas é provável que tenha apenas surgido uns anos mais tarde (eu entrei para o Colégio em 1966).
De qualquer modo já adicionei um mapa ao "post", com a localização da taberna, para assim ajudar a avivar as memórias...
Um abraço

António Serrano disse...

Então, Manel, os médicos também perdem a memória?! O Ti Zé Miguel já lá estava, na fundação/instalação do Colégio em Medelim... E deve ter continuado...
Boa evocação do nosso caro João Adolfo. Esta de adicionar o mapa foi "de gritos"... Assim, ninguém se "perde"... Abraço os dois. E todos.

prohensa disse...

Eu também estava convencido que a Taberna já existia, mas como cheguei ao Colégio um pouco mais tarde já não tinha a certeza.
Quanto ao mapa já não terá utilidade a 100%, pois o Ti Zé Miguel infelizmente já nos deixou e a Taberna está fechada, mas podem passar por lá e relembrarem os locais onde existia a Taberna e a Mercearia e aproveitarem para, na mesma rua e um pouco mais abaixo, visitarem a "Casa do Judeu" restaurada pela autarquia para relembrar a presença dessa comunidade em Medelim e na região...
Um abraço Professor Serrano
João Adolfo

Honorato disse...

O Ti Zé Miguel era muito conhecido entre os
alunos do Colégio. Muitas vezes por lá
passávamos logo de manhã para beber
uma amarguinha que sabia bem e aquecia a alma.
Parece-me que nunca chamámos Taberna ao
estabelecimento. Chamávamos antes Café, mas não me
lembro se já se vendia lá o dito nessa altura. Tinha um
‘reservado’ onde se podia petiscar umas latas de conserva
bem picantes e por vezes peixe frito para acomodar uns
jarros de tinto. Alguns alunos almoçavam por lá do farnel
que levavam e as bebidas servidas pelo Ti Zé Miguel,
que era o negócio dele.
E até vendia fiado aos que não dispunham dinheiro no
momento. E de tal maneira que um amigo meu acumulou
a dívida avultada de 4 escudos que depois teve dificuldade
em pagar. O homem fez chegar o descuido à família que
se prontificou a pagar tendo sido eu o portador do dinheiro
para a liquidação. Lá fui, logo de manhã cedo tratar do
assunto que ali ficou resolvido. Como agradecimento
deu-me 2 dispositivos de brinquedo fornecidos pela
Gáz Mobil que também vendia, e que eram constituídos
por uma pequena concha de lata com uma chapinha
de aço sobreposta e que, pressionada com o polegar
fazia um som de click, click, click. Um para o meu amigo
e outro para mim. Satisfeito o Ti Zé Miguel e uma lição
para quem gastou mais do que podia.
Bom homem o Ti Zé Miguel que o João Adolfo em boa
hora nos trouxe aqui.

Manuel Borges disse...

Com tantas achegas lá tenho que dizer que o Ti Zé Miguel estava guardado naquela "gaveta" das memórias que não queremos lembrar, provavelmente por causa da tal "pinga".

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