A maior parte das vezes, e sempre que o tempo o permitia, pegávamos no famoso saco cilíndrico onde transportávamos o almoço e íamos comer fora… deixando o refeitório aos mais velhos, ou aos mais viciados no futebol, cujo "estádio" ficava ali mesmo em frente.
Quantas e quantas vezes subi as escadarias do Senhor do Calvário e estendi o farnel à sombra das sobreiras ou debaixo do alpendre da Capela, para saborear os acepipes que a minha mãe confeccionara com tanta afeição logo de manhã, bem cedinho.
Só lá por volta do 5º ano, já andava então em Penamacor, é que a minha mãe me comprou um termo onde passei a poder levar sopa ou qualquer refeição quente. Até então, quando ela me arranjava um pratinho mais elaborado (que perdia qualidade se fosse comido frio), colocava-o na velha marmita, ou merendeira, que embrulhava, muito bem embrulhadinha, em papel de jornal, para a comida se aguentar morninha.
E que bem que me sabiam estes almoços!... Não sei se por serem confeccionados pelas mãos hábeis e carinhosas da minha mãe, se por serem degustados neste local maravilhoso, com uma paisagem magnífica a todo o redor...Talvez fosse, também, pela camaradagem e pelas brincadeiras que o local proporcionava… Sei apenas que guardo deste espaço memórias felizes da minha juventude, daqueles anos vividos no Colégio de Medelim, na segunda metade da década de sessenta do século passado…