Apresentado o livro do Elias Vaz, o jornal Raiano fez uma reportagem que abaixo se transcreve.
O livro encontra-se à venda no Centro Cultural Raiano e também no Posto de Turismo de Monsanto.
Parabéns, Elias.
Apresentação do livro MONSANTO NAS
FRAGAS DO TEMPO
No âmbito do Programa da Festa do Castelo ou
da Divina Santa Cruz, no passado dia 5 de Maio foi apresentado no Posto de
Turismo de Monsanto, perante numerosíssima assistência, o livro da autoria de
Elias Vaz, editado pela Câmara Municipal de Idanha-a-Nova que, nesta cerimónia
de lançamento, foi representada pelo seu Presidente, Engº Álvaro Rocha, e pelo
Vereador com o Pelouro da Cultura, Engº Armindo Jacinto.
A apresentação do livro esteve a cargo da
Professora Doutora Ana Isabel Buescu que proferiu o discurso que a seguir se
transcreve na íntegra:
“ Presidente
da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, Engº Álvaro Rocha,
Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal
de Idanha-a-Nova, Engº Armindo Jacinto,
Presidente da Junta de
Freguesia de Monsanto, Sr. Adelino Régio,
Cónego Vítor Vaz,
Dr. Elias Martins Vaz,
Queridos Familiares e
Amigos
Escrevo estas breves palavras de
apresentação da obra Monsanto nas fragas
do tempo, de baluarte concelhio a aldeia histórica, por amável convite do
seu Autor, numa dupla condição: a de historiadora e de “filha” da terra, já que
aqui viveram os meus Avós, Sebastião da Costa Carvalhão e Etelvina de Lemos
Viana, e daqui foi natural a minha Mãe, Maria Leonor Carvalhão Buescu. Desde
que nasci, e aqui fui baptizada pelo Padre Vítor Vaz na Igreja Matriz, Monsanto
foi o lugar das minhas raízes familiares e afectivas, e de muitas das minhas
memórias. Foi portanto com muito gosto e natural emoção que aceitei apresentar
um livro que toma como objecto de estudo esta tão singular terra que é Monsanto
da Beira.
Pelas
particularidades de uma longa e por vezes obscura e fascinante história,
Monsanto concitou, nomeadamente ao longo do século XX, a atenção e o estudo de
etnólogos e historiadores, arqueólogos, filólogos e linguistas. Destaquemos os
nomes de Jaime Lopes Dias, Fernando de Almeida, Maria Leonor Carvalhão Buescu,
Maria Manuela Milheiro, Maria Adelaide Neto Salvado, António Catana, que deram
– e dão – a conhecer múltiplos aspectos desta história rude e milenar, sob
prismas diferentes mas confluentes, arrancando ao esquecimento, num mundo que
os vai tornando invisíveis, histórias, memórias, quotidianos, tradições, medos
e crenças de outros tempos, mas que fazem parte do nosso património colectivo.
É, pois, na sequência de uma galeria
de estudiosos que nos encontramos, agora, perante a obra de Elias M. Vaz sobre
Monsanto e a sua história. Necessário se torna, desde logo, sublinhar o
horizonte largo sobre o qual incide a investigação, que surpreende: trata-se de
estudar a história de Monsanto num arco cronológico que vai da Pré-História à
actualidade, embora com especial incidência no período em que foi sede de
Concelho, entre 1174, ano do foral concedido pelo primeiro monarca português, e
1848, quando, já no quadro do regime liberal instaurado em 1820 e das profundas
transformações que acarretou, também na malha político-administrativa do país,
Monsanto perdeu o estatuto de município autónomo. Projecto ambicioso, cujos
perigos o Dr. Elias Vaz ultrapassa pelo rigor de uma investigação muito ampla e
completa contemplando uma grande massa de fontes documentais e arquivísticas,
fontes impressas e estudos, que conhece e maneja com o à-vontade do
historiador. A estas, junta-se um conhecimento directo e pessoal de lugares,
sítios e sinais de Monsanto, que dão ao Autor não uma proximidade subjectiva
mas uma condição privilegiada para deles recolher informação única e
historicamente significante.
Na sua investigação, ampla e complexa,
o Autor projecta e alcança articular os patamares da história local e regional
e da história nacional, evidenciando a sua preocupação em nunca deixar navegar
sozinha a “nave de pedra” que é Monsanto…, mas em inscrevê-la numa realidade
mais ampla que é a das dinâmicas da história nacional. Assim, a história desta
terra, nos seus diferentes momentos e dimensões, é aqui minuciosamente tratada
e desvelada por uma investigação criteriosa, mas não de forma isolada de um
contexto de maior escala. Na verdade, as vicissitudes e os momentos da história
de Monsanto são sempre considerados segundo um duplo prisma, que enriquece o
conjunto: o prisma da história local e das suas especificidades e pormenores,
em articulação com o da história de Portugal, quer seja no que diz respeito ao
contexto que vai da Pré-História e do povoamento primitivo ao início da
nacionalidade, destacando a importância da Ordem dos Templários, a
centralização do poder com o rei D. Manuel, a importância da minoria judaica e
a Inquisição, o processo da Expansão marítima, a presença de Monsanto e dos
seus procuradores nas Cortes régias, apresentando pedidos e reivindicações, as
Invasões Francesas, a Revolução liberal de 1820… Em qualquer destes momentos
podemos divisar os rostos e até os nomes de monsantinos de outros tempos, em
situações de guerra ou de paz, de prosperidade ou de sofrimento, no quadro mais
geral daquilo que foi sendo o reino de Portugal nas vicissitudes da sua
história.
Aspecto não menos importante é o facto
de, pelas próprias características da investigação levada a cabo em arquivos,
nomeadamente na Torre do Tombo, e bibliotecas, o Autor pôr à disposição dos
leitores, e futuros investigadores, um importante conjunto de documentação inédita
ou pouco conhecida relativa a Monsanto, bem como documentos em latim,
apresentando-os aqui em tradução para português. Estabelecendo uma ligação
dinâmica com o próprio texto, e valorizando-o, são as muitas imagens a cores,
escolhidas com critério, que integram a edição, remetendo-nos, pela imagem,
para este património comum de uma terra do interior do país, tantas vezes
esquecido. No final, muito úteis para a história mais recente são os quadros
cronológicos e listas dos Párocos e Autarcas desde a implantação da República
em 1910 até aos dias de hoje. Nomes, rostos, imagens, palavras, que fazem parte
da memória de Monsanto e de um futuro que, não esquecendo o passado mas
valorizando-o sem o adulterar, possa, como o Autor preconiza, projectar um
património único. O título que escolheu para a sua obra é bem prova dessa
relação dinâmica: Monsanto nas fragas do
tempo, de baluarte concelhio a aldeia histórica. Passado e futuro numa
aliança que se quer geradora de novas potencialidades para esta terra e as suas
gentes. Para preparar o futuro, o passado, que transporta identidades e
memórias, não pode ser obliterado, pois é precisamente ele que, no quadro do
mundo contemporâneo e dos seus desafios, lhe confere uma especificidade e
singularidade únicas.
Pelas razões que aqui apenas
sintetizo, está de parabéns o Dr. Elias Martins Vaz, que levou o seu projecto a
bom porto. Uma palavra é também devida a tantos monsantinos que, com as suas
memórias vivas, generosamente contribuíram para este livro, como é aliás assinalado
pelo seu Autor. Não poderia terminar sem incluir nesta felicitação a Câmara
Municipal de Idanha-a-Nova, na pessoa do seu Presidente, Engº Álvaro Rocha que,
em momentos difíceis para todos nós, portugueses, enquanto entidade colectiva e
também ela milenar, entendeu promover e patrocinar a cuidada e graficamente
apelativa edição de uma obra que torna mais amplo o conhecimento da história de
uma das terras mais emblemáticas do seu Concelho.
Finalmente, de parabéns estão também
todos aqueles que, monsantinos ou não, amam Monsanto, o seu património, a sua
história, os seus segredos e as suas memórias”.
Ana Isabel Buescu
O
autor agradeceu as referências elogiosas ao seu trabalho, o apoio prestado pela
Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e, em complemento do artigo publicado no
anterior RAIANO, fez uma dissertação sobre
alguns temas específicos da sua investigação, sublinhando que o livro representa o seu
“contributo a Monsanto”, terra que foi o cenário do seu berço.
1 comentário:
Gostei muito de ver a notícia no "Raiano" que o Honorato em boa hora aqui reproduziu...
Os meus parabéns ao Elias e um grande abraço.
João Adolfo
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