No ano lectivo 66/67, frequentava eu o então 5ºAno, organizou-se, creio que pela segunda vez, a Festa de Finalistas do Colégio. Fez-se uma votação na sala de aula para eleger uma comissão de alunos que tratasse dos preparativos e concretizasse a festa desse ano. Coube-me a mim, juntamente com a Maria Amélia, a Natália, a Trindade e o Adérito meter mãos à obra numa tarefa para a qual não tinhamos qualquer preparação nem conhecimentos. Nessa altura, a Festa de Finalistas dava também 'nomeada' ao Colégio o que nos permitiu ter o total apoio da Direcção, nomeadamente na logística que se viria a revelar bastante complicada.
A primeira acção foi realizar de imediato algum dinheiro que nos permitisse fazer face às primeiras despesas pelo que se fez um convite à participação de todos os finalistas com 30$00. A turma contribuiu e esse foi o primeiro passo bem sucedido. Depois foi elaborado um programa. Não podia faltar o Baile e a Récita mas nós queríamos algo mais que nos proporcionasse mais um dia de festa. Sugeriu o Sr Eng. Ressurreição a realização de uma Prova de Perícia Automóvel. Nenhum de nós sabia o que isso era, muito menos como poderíamos organizá-la. Era necessário um local, regulamento, segurança, autorizações, meios específicos, propaganda, etc. etc. Era demasiado para nós. Mas o nosso incentivador tinha um trunfo: conhecia alguém em Lisboa no Clube 100 à Hora que se disponibilizava para tratar de toda a burocracia, fazer o regulamento e vir cá com toda a instrumentação para realizar a prova. Estava perfeito. E que tinhamos nós de fazer? Angariar patrocínios.
Como receita previsível, tinhamos os nossos próprios contributos e as entradas no Baile. Em termos de despesas, haveria que pagar a um conjunto musical e a impressão dos convites para a festa, além de outros pequenos gastos. O orçamento já estava bastante curto e, a somar a isto, haveria que imprimir o regulamento da prova de perícia. Era um pouco arriscado. Solução: publicidade. Fizemos uma grande campanha de angariação de pequenos anúncios publicitários junto dos comerciantes da região para incluir no caderno do regulamento. Convidámos ainda diversas entidades locais e regionais à oferta de taças que constituíram os prémios aos concorrentes. Trabalhámos muito mas fomos bem sucedidos. Claro que o esforço foi de toda a turma e não só da comissão organizadora. O próprio Colégio teve uma enorme quota de responsabilidade no sucesso da festa.
Colocou-se ainda um problema novo e de solução difícil. Onde fazer a festa (o Baile)? Em Medelim não existia uma sala adequada para esta realização e nós não queríamos faze-la noutro local. Pedimos emprestado o lagar de azeite do Dr António de Oliveira. Não era o local apropriado mas com bastante trabalho de 'cenário' e água de colónia conseguimos disfarçar um lagar de azeite tornado-o um local de festa. Cheirava um pouco a azeite mas ninguém se queixou. O conjunto musical 'OS ATLAS' de Portalegre fizeram-nos esquecer as limitações do espaço e proporcionaram-nos uma noite muito agradável.
A Prova de Perícia realizou-se na área do cruzamento de Medelim e teve um sucesso extraordinário. Houve espectáculo, muitos concorrentes, competição, alegria e muitos prémios. Houve até uma taça para a senhora mais bem classificada. Sim, porque houve senhoras a concorrer.
O Baile teve uma boa participação. A Récita foi bastante animada incluindo a participação Coro de Colégio dirigido pelo Sr Tenente Ribeiro e apresentação individual de todos os finalistas com a leitura de uma quadra alusiva a cada um, da autoria do Sr Eng. Ressurreição que tinha um grande sentido de humor e soube destacar as particularidades de cada um de nós. A nossa Festa de Finalistas deveu-se muito a ele. É uma pessoa a lembrar sempre que se fala do Colégio de Medelim.
E foi assim que em 21 e 22 de Janeiro de 1967 tivemos o gosto de concretizar com sucesso a nossa Festa.
Como consequência, fizemos a nossa Viagem de Finalistas à Queima da Fitas em Coimbra nesse ano. Foi também um marco importante no nosso 5º Ano.
É bom recordar esses tempos.
11 comentários:
Olá, Honorato!
Parabéns pelo esforço. Mas está muita gente "a faltar" ou, pelo menos, a "entrar atrasada"...
Vamos, Pessoal. Há tanto para recordar!
Olá Serrano
De facto, ou o nosso blogue não é lido, o que eu duvido, ou há gente com vergonha de se expor. Ou será que ninguém tem nada para contar?
O Colégio passou-lhes ao lado?
E agora para ti que até passas por cá para ler as novidades que alguém se lembrou de 'escarrapachar' para os outros lerem: Não tens nada para dizer? Pelo menos um comentário. Mesmo que seja para dizer que aqui é escrito é uma porcaria. Que até nem é bem assim... Escrevam mesmo que seja para dizer mal. Eu e o João Adolfo vamos falando. Até parece que que isto é nosso (de nós dois). Claro que é nosso, mas também é NOSSO, de todos. Atravessem-se por favor.
Obrigado pela dica, meu caro Serrano
Pois é continua a ser muito fraca, (mesmo muito) a colaboração de antigos colegas!... Mas eu vou continuando a aprender e a compreender melhor a história do NOSSO Colégio. Eu era caloiro nesse ano em que o Honorato foi finalista e já fiquei a perceber o porquê de nas nossas Festas haver sempre uma "Prova de Perícia Automóvel"... O Eng.º António Ressurreição, para além de um professor extraordinário, era de facto um Grande Homem!
Adorei o texto do Honorato: porque está excelentemente escrito e porque a memória dele me acordou muitas recordações no baú das minhas: é que eu também estive nesse baile e lembro-me que tinham o lagar decorado com colchas tradicionais, flores de papel, guirlandas... muita, muita cor... de que os meus olhos de miúda guardaram a recordação. Foi o "meu" primeiro baile de finalistas...
Tive uma grande sorte ao passar, hoje, por aqui: bisbilhoteiro como sou quis saber mais sobre a Maria Luísa - a recordação de um Aluno "Antunes da Silva",em Penamacor - e acedi a dois blogs de grande qualidade pelos quais ela é reponsável. Escreve em PORTUGUÊS, com grande sensibilidade e elevação. Não percam, pois ficarão mais ricos.
João Adolfo e Honorato, convençam-na a colaborar aqui e a Equipa adquire um reforço de elevado quilate. Sem que o Vosso trabalho e esforço deixem de brilhar!!!
Quanto ao apelo do Honorato a pedir para que escrevam a dizer mal "disto", que "isto" "é uma porcaria" é que não posso concordar. Há tantas coisas boas para dizer que as más... olha... aparecem nos noticiários das TV´s a toda a hora.
Já prometi, mas a reforma não me dá descanso. Um dia destes vou aqui lembrar o tempo em que estava ansioso por "despachar"... o João Adolfo e colegas, lá em Proença, e ir namorar para Medelim.
Vou fazer um texto, um dia destes.
Abração.
Caro Professor Serrano, eu estou plenamente de acordo consigo quanto à Luísa e o convite já lhe foi endereçado. Estamos só a aguardar que ela se decida a partilhar aqui connosco algumas das suas recordações.
Para os mais antigos, que possam não se recordar da Luísa, lembro aqui que é irmã da Trindade, que nesse ano de 66/67 fazia parte da Comissão de Finalistas e que, para além de aluna, foi também professora no Colégio.
A ligação para os blogs de que fala está aqui ao lado:
*** um dia por muitos e bons anos ***
*** 30 dias tem novembro ***
Podem seguir os "links" e navegar à vontade.
Já agora relembro que também está aqui ao lado o "link" de um blog a não perder:
*** Palavras só palavras... ***
Vejam só o último post, para abrir o apetite:
" http://palavrassopalavras.blogspot.com/2010/06/baile-na-aldeia-2.html "
Leiam e divulguem!...
Boa noite, Colégio!
1º, para o Professor Serrano: lembro-me, obviamente, do seu nome e bem me parecia que era de Penamacor (provavelmente, terá sido professor do meu irmão mais novo, o Zé Filipe... será? Depois pergunto-lhe!)... Também eu já visitei o seu blogue e gostei muito (é uma escrita muito saborosa e elegante, com grande alegria na arte de contar histórias). Posso "segui-lo" no Blogger? Ah! e, claro, aceite um abraço terno e de agradecimento pelas palavras carinhosas (assim o entendo) com que fala da minha escrita.
2º, para o João A.: já "postei" 2 ou 3 vezes no blogue (sobre a D. Irene, por exemplo), mas não surgiram os comentários. Confesso que pensei que não tivessem passado na moderação de comentários, por me referir a certas recordações - talvez demasiado afectuosas ou brincalhonas - que envolviam o Honorato (lembrar-se-á ele que me dava a honra de me deixar ser apanha-bolas dele, quando jogava à baliza... e eu adorava)! Tendo em conta a "queixa" do Honorato sobre a falta de comentários, acho que fui eu mesmo que fiz asneira e não surgiram as mensagens no blogue!
Para acabar: hoje descobri que o João Adolfo é um fotógrafo de excepcional sensibilidade, a juntar à sua actividade de "bloguista generoso e empenhado" com o seu "Prohensa" (fora o que eu não sei... "Modas e Adufes", não é?). Vá lá, João, acrecenta pelo menos o "Prohensa" à lista de blogues à esquerda, certo?
(e agora um desabafo feliz: escreve-se muito bem neste blogue e as histórias que vivemos ganham vida outra vez... Será que tivémos todos muito bom professores, será? Eu gostei muito e também sou uma filha feliz deles e do Colégio)Beijinhos, até já!...
Obrigado Luísa!
Já adicionei o "Prohensa" à lista de blogs.
Quanto à dificuldade em "postar", devem ser problemas de compatibilidade (estas confusões da informática!...), uma vez que não há qualquer restrição na moderação de comentários, são inseridos automaticamente.
Beijinhos
Olá, Luísa,
Isto é só começar a puxar as recordações e elas vêm a seguir, sem despegar, como cerejas. Consigo "ver" o seu irmão José Filipe com 9 anos. Tal como o João Adolfo - há dias tive de lhe pedir desculpa pelo tratamento por Tu, pois me esqueci de que os Meninos... cresceram. Lembro-me de si, Menina, ainda mais da Trindade, já uma Jovem encantadora e simples.
Sou aqui seu vizinho. Leccionei em Setúbal, de 1974 a 2008, e tenho residência nos arredores de Palmela, casado com quem namorei lá em Medelim, a Leonilde, agora pais de 4 filhos e avós de 6 netos encantadores.
Vou continuar a ler nos seus blogs - saber que perde tempo com o que eu recordo e escrevo, com alguma atrapalhação, enche-me de vaidade - pois a Luísa usa a "pena", a sensibilidade, a inteligência e o conhecimento de uma forma que não está ao meu alcance. Sem falsa modéstia, mas o sapateiro não deve ir além da chinela. Mas, da forma que puder e souber, vou continuar a recordar a vida de Aldeia - sou de AJP - tão comum a toda a Região. Depois de acabar o "balho", com diz e bem o nosso JA, penso dar volta pelas profissões, que tornavam as nossas Comunidades quase auto-suficientes, deixando um pouco de lado a agricultura em que "mergulhei", desde que nasci.
Um dia pode ser que nos encontremos. Estamos a dois passos.
Bjs
Caro Honorato
Neste ano lectivo (66/67) andava no 3.º ano, mas lembro-me bem da festa de finalistas ocorrer no lagar do Dr. Oliveira.
Como o meu transporte assíduo de ida e vinda, de Monsanto para o Colégio, era a bicicleta, nesse tempo, então pedi à Sr.ª Lurdes, mãe do Vítor Fernandes, para me deixar dormir lá em casa… em Medelim.
Bem-haja ti Lurdes por me ter ajudado sempre.
Assim também fui à Festa!
Parabéns, Honorato. Parabéns à Organização do evento.
'Boa Malha'!!!!
Temos blogue vivo, temos gente a participar, temos vida. 'Venham mais cinco' ou muito mais. Obridado, Luisa por te teres juntado a nós com toda a tua capacidade intelectual que é enorme, pelo que já vi. Obrigado, João pela tua dedicação a esta causa que é da tua autoria. Obrigado Serrano pela tua generosidade. Obrigado aos restantes que já participaram porque não deixaram esta ideia morrer. Falta-me tempo mas prometo escrever mais sobre as minhas histórias de colégio. E tu Luisa, neste jogo vais jogar na frente a meter golos. E muitos, espero eu.
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