Não é novidade que o Eng. Ressurreição , se bem me recordo um “lampião" ferrenho e então no princípio da sua estadia no nosso Colégio, gostava de futebol e, com as mais que fracas instalações de que dispunha, motivava bastante a rapaziada para que a prática do desporto-rei ali tivesse algum significado.
A maioria dos “atletas” era de fraca qualidade, pois as “academias” ainda estavam a “milénios” de acontecer e a “malta” “dava uns pontapés” mais para se divertir que para sonhar um dia vir a ser craque lá na então longínqua Lisboa, onde o Benfica enrolara o Barcelona e o Real Madrid em duas finais europeias. Sinceramente, de todos os alunos de então penso que só o Rolo, aspiraria a jogar no Idanhense, vá lá nalgum dos clubes da capital do distrito… Em meu entender era mesmo o melhor de entre todos nós, quase sempre bem toscos. Que me perdoem esta franqueza os que pudessem “andar a sonhar acordados”. Até posso estar enganado e ter de lá saído algum craque. Mas a vida militar arrastou-me, o Colégio cresceu e os “milagres”, não surgindo todos os dias, podiam depois ter acontecido. Oxalá!
Mas estou para aqui “a meter palha” e a história a escapar-se.
O ponto culminante do futebol do colégio era o Torneio inter-turmas, com alguns ajustamentos para dar oportunidade àqueles que ninguém queria na equipa da sua turma. Quer pela minha aselhice natural, quer porque a turma de Alemão – um dia vou explicar porque me tornei aluno de Alemão, disciplina que só concluí 13 anos depois!!! Essa também é uma boa história”, como cantava/canta o grande Roberto Carlos no seu “Calhambeque”… - ter poucos alunos para constituírem uma formação completa, a certas altura vejo-me na equipa dos aselhas e “marginais”, nitidamente fadada para ser a última do torneio. E todos aproveitavam para “malhar” em nós…
Estava a decorrer um jogo no campo improvisado no pátio do recreio sem grandes condições para que os aselhas não o fossem tanto, quando um “jeito” do árbitro nos arranja um penalti contra os nossos valorosos adversários, que muito se fartaram de contestar. Aquilo era mesmo uma “roubalheira”. Hoje, com os óculos de melhor qualidade, penso que foi mesmo um jeito. “A corrupção” não é só de hoje e penso que uma gasosa fresquinha podia fazer toda a diferença.
Quem chuta, quem não chuta e o Pedroso “atreve-se” a viver a tremenda “angústia do marcador do penalti frente ao guarda-redes”. Ainda houve algumas reclamações “marco eu, marco eu!”, mas a "convicção" do Pedroso venceu as resistência, porque nós queríamos era mesmo UM golo.
A coisa começou a ficar pouco ortodoxa quando, depois de medidos os passos da praxe – ora, queriam marcações de campo, não?! – o Pedroso se ajoelhou, soprou o chão e começou a levantar um montinho de terra. Para que seria? Ora, para colocar a bola mesmo lá no cimo. Já não era só a angústia do marcador, mas a de todos nós, os restantes membros da equipa.
Bola bem equilibrada no alto do montinho de terra, a uns metros da baliza, guarda-redes adversário um tanto desconfiado com a “cena” e do “resultado” que aquilo poderia ter – ainda esboçou um protesto junto do árbitro que se limitou a aceitar a “novidade”… - e o Pedroso vem tomar balanço lá para o meio campo. Que não era muito longe, diga-se de passagem.
Havendo transmissão pela rádio ouvir-se-ia o seguinte:
- Senhor ouvintes, o “perigoso” avançado Pedroso toma balanço, a meio campo, fixa a bola e depois o guarda-redes, vai partir, perde alguma embalagem, finalmente chega perto da bola, remata e… nem vão acreditar… o monte de terra desapareceu, há uma pequena nuvem de pó e a bola segue, suavemente, para a baliza, onde o guarda-redes, sem ter ocasião de brilhar, recolho o esférico com a maior facilidade.
Até ao fim do ano falou-se menos da equipa vencedora do torneio – talvez a do Sr. Engenheiro, pois ele era “fanático” pela bola e, mesmo não sendo Aluno, participava, com alegria, em meu entender sempre na “melhor equipa”, certamente por ele ser um reforço de peso. Guardo dele as melhores recordações e aproveito para o homenagear com esta brincadeira.
Nota: A história, no seu essencial, aconteceu. Algumas variantes que fujam da rigorosa exactidão, são próprias de quem já não tem a cabecinha dos verdadeiros artistas que escrevem por aqui a concorrer comigo.
Saio a perder, mas a minha idade dá-me “direito” a falhar penaltis…
Ficaria contente se o Pedroso pudesse contestar:
- Olha que não foi bem assim…
Foto retirada da internet.
A maioria dos “atletas” era de fraca qualidade, pois as “academias” ainda estavam a “milénios” de acontecer e a “malta” “dava uns pontapés” mais para se divertir que para sonhar um dia vir a ser craque lá na então longínqua Lisboa, onde o Benfica enrolara o Barcelona e o Real Madrid em duas finais europeias. Sinceramente, de todos os alunos de então penso que só o Rolo, aspiraria a jogar no Idanhense, vá lá nalgum dos clubes da capital do distrito… Em meu entender era mesmo o melhor de entre todos nós, quase sempre bem toscos. Que me perdoem esta franqueza os que pudessem “andar a sonhar acordados”. Até posso estar enganado e ter de lá saído algum craque. Mas a vida militar arrastou-me, o Colégio cresceu e os “milagres”, não surgindo todos os dias, podiam depois ter acontecido. Oxalá!
Mas estou para aqui “a meter palha” e a história a escapar-se.
O ponto culminante do futebol do colégio era o Torneio inter-turmas, com alguns ajustamentos para dar oportunidade àqueles que ninguém queria na equipa da sua turma. Quer pela minha aselhice natural, quer porque a turma de Alemão – um dia vou explicar porque me tornei aluno de Alemão, disciplina que só concluí 13 anos depois!!! Essa também é uma boa história”, como cantava/canta o grande Roberto Carlos no seu “Calhambeque”… - ter poucos alunos para constituírem uma formação completa, a certas altura vejo-me na equipa dos aselhas e “marginais”, nitidamente fadada para ser a última do torneio. E todos aproveitavam para “malhar” em nós…
Estava a decorrer um jogo no campo improvisado no pátio do recreio sem grandes condições para que os aselhas não o fossem tanto, quando um “jeito” do árbitro nos arranja um penalti contra os nossos valorosos adversários, que muito se fartaram de contestar. Aquilo era mesmo uma “roubalheira”. Hoje, com os óculos de melhor qualidade, penso que foi mesmo um jeito. “A corrupção” não é só de hoje e penso que uma gasosa fresquinha podia fazer toda a diferença.
Quem chuta, quem não chuta e o Pedroso “atreve-se” a viver a tremenda “angústia do marcador do penalti frente ao guarda-redes”. Ainda houve algumas reclamações “marco eu, marco eu!”, mas a "convicção" do Pedroso venceu as resistência, porque nós queríamos era mesmo UM golo.
A coisa começou a ficar pouco ortodoxa quando, depois de medidos os passos da praxe – ora, queriam marcações de campo, não?! – o Pedroso se ajoelhou, soprou o chão e começou a levantar um montinho de terra. Para que seria? Ora, para colocar a bola mesmo lá no cimo. Já não era só a angústia do marcador, mas a de todos nós, os restantes membros da equipa.
Bola bem equilibrada no alto do montinho de terra, a uns metros da baliza, guarda-redes adversário um tanto desconfiado com a “cena” e do “resultado” que aquilo poderia ter – ainda esboçou um protesto junto do árbitro que se limitou a aceitar a “novidade”… - e o Pedroso vem tomar balanço lá para o meio campo. Que não era muito longe, diga-se de passagem.
Havendo transmissão pela rádio ouvir-se-ia o seguinte:
- Senhor ouvintes, o “perigoso” avançado Pedroso toma balanço, a meio campo, fixa a bola e depois o guarda-redes, vai partir, perde alguma embalagem, finalmente chega perto da bola, remata e… nem vão acreditar… o monte de terra desapareceu, há uma pequena nuvem de pó e a bola segue, suavemente, para a baliza, onde o guarda-redes, sem ter ocasião de brilhar, recolho o esférico com a maior facilidade.
Até ao fim do ano falou-se menos da equipa vencedora do torneio – talvez a do Sr. Engenheiro, pois ele era “fanático” pela bola e, mesmo não sendo Aluno, participava, com alegria, em meu entender sempre na “melhor equipa”, certamente por ele ser um reforço de peso. Guardo dele as melhores recordações e aproveito para o homenagear com esta brincadeira.
Nota: A história, no seu essencial, aconteceu. Algumas variantes que fujam da rigorosa exactidão, são próprias de quem já não tem a cabecinha dos verdadeiros artistas que escrevem por aqui a concorrer comigo.
Saio a perder, mas a minha idade dá-me “direito” a falhar penaltis…
Ficaria contente se o Pedroso pudesse contestar:
- Olha que não foi bem assim…
Foto retirada da internet.
12 comentários:
Vi o título, olhei para a fotografia e pensei... isto vai acabar com um GRANDE FRANGO!!! Mas afinal o Pedroso queria era atirar areia para os olhos do guarda-redes!...
O Rolo de que fala é o da fotografia enviada pelo José Curto Vaz? (http://colegiodemedelim.blogspot.com/2010/01/jose-curto-vaz-envia-nos-esta-foto.html)
Ficamos a aguardar pelo Contraditório (está na moda) do Pedroso.
Um abraço
João Adolfo
Para os menos conhecedores do 'terreno' de jogo falta apenas dizer que, em termos de tamanho, para volley seria acanhado, quanto mais para futebol; que não era relvado nem cimentado mas era 'pedrado'. Tinha pedras que saíam do chão talvez cinco centímetros acima do chão. Para esses torneios era devidamente marcado com cal e havia duas balizas que não eram de futebol nem de andebol mas eram bem construídas e bem pintadas. As equipas tinha nomes sugestivos como os 'aselhas', os 'anedotas' e outros parecidos. O eng. Ressurreição vestia invariavelmente o número 10 (camisola do Benfica) e era raro perder embora o seu nível de jogo deixasse muito a desejar. Havia claques por vezes ruidosas, pricipalmente na janela do primeiro andar onde se situava a sala das meninas. Ouvia-se com frequência gritar: 'Fora o 10, Fora o 1o'. O Eng. sorria e agradecia como se fosse um elogia. Mas era divertido. Tema bem trazido pelo Serrano.
O Rolo está na foto do Curto Vaz e era muito bom gurda-redes.
Esta imagem é um mimo: 2 galarós de crista em riste que oh faz favor!... Adorei a história contada pelo Professor Serrano e saber da paixão do Engº Ressurreição pelo "desporto-rei" (dizem que sim)! Eu, como já disse, lembro-me mais dos "frangos" do Honorato e de outras bolas bem dirigidas ao infinito... E, já agora e para tortura do Honorato, é bom recordar que levei a maior bolada da minha vida na perna direita, porque o guarda-redes deixou entrar um "grande frango" (foi o que eu ouvi!)... Valeu-me a Drª Aurelina, que também assistia ao jogo e me dispensou palavras maternais e assistência rápida juntamente com a D. Irene... Nada demais: mais uma grande nódoa negra e uma dor sem nome para uma espirra-canivetes com paixão pelo recreio! Malfadada mania do futebol (é melhor não contar das "secas" que fui levando até sair do Colégio de Penamacor...) A sério (ou a rir): gostei muito!
Olá, João Adolfo,
O Honorato já respondeu. O Rolo está mesmo na foto que refere.
Num dia detes, tenho que "relatar" o primeiro magusto do Colégio, a 1 de Dezembro de 1961, lá no "Campo Frio", da D. Carlota Pina Ferraz. Até porque a minha vida ficou p´ra sempre marcada, com uma "farruscadela"... D'Ela, mesmo!
O "fora o 10!" já me tinha esquecido...
O Eng. Ressurreição não fazia por menos: a camisola do Eusébio!
Professor Serrano parece-me que a sua passagem pelo Colégio ficou mais marcada pela farrusca...D'Ela, do que pelas aulas de Alemão (e ainda bem, digo eu ao cabo destes anos).
Quanto à camisola do Eng. Ressurreição parece-me que lhe assentaria melhor a do Torres que a do Eusébio, mas ele achava que tinha mais ares de "pantera negra"...
Pois!
Assim, tenho as duas "coisas": o Alemão e Ela, a mais querida Avó do Mundo!!! Ao tempo a mais linda Aluna do Colégio de Medelim.
As outras lindas, invejosas, vão dizer:
- Não se notava já, naquele tempo, que ele tinha falta de vista?!
Olhem! Continuo "cego"!
Amen!!!
Pois, o amor é cego e... vê! E se ficou com a vista um pouco cansada de tanto olhar a esposa, é porque a queria mesmo VER! Então, olhe, benditos olhos os vejam, sempre... benditos também! Gostei muito~.
Professor, assim sendo, o mal que lhes desejo é que continuem a sofrer dessa "cegueira" por muitos e bons anos...
Quanto às(aos) invejosas(os) que lavem os olhos com água-de-malvas, pois dizem fazer muito bem vista!...
Um abraço
Só para dizer que o "anónimo" anterior sou eu (problemas com a informática!) e que, repito, é bom ouvir falar quem Vê para além de olhar... os sentimentos gostam dessa atenção ou enlevo, eu acho... (Obrigada, prof. Serrano!)..
E acha muito BEM, Luísa!!!
Sois uns queridos e, por isso, vos estimo. E cada vez mais.
Estas páginas fazem-me renascer.E "é preciso renascer..."
Até a medicina tradicional do João me "faz arregalar a vista!"
Bem hajais!
Abraço-vos
Olá Serrano, com estes dotes de escrita e se bem me lembro de oratória, se alguém tivesse a brilhante ideia de te ter oferecido um apito, nem o Olegário,o Benquerença,teria qualquer possibilidade de se fazer sobressaír uma vez que não lhe darias qualquer possibilidade.Talvez como ajudante sei lá.Abraços
Ora, Manuel Joaquim, tu é que percebes disto!
Quem sou eu para contadizer as tuas bem sábias palavras! Só me resta aplaudi-las, até porque a Verdade fala pela tua boca.
Obrigado, Amigo - tenho saudades das tuas gargalhadas e das tuas tão enormes simpatia e boa disposição, espalhando alegria a rodos! - e no que toca a gabares-me... não sejas coxo. A tua especialidade é mesmo fazê-los andar!
Andemos, pois!!! Esquerdo... direito... um... dois.
Abração
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