Não resisto a deixar aqui pespegada a anedota que me contou um colega meu, professor do nosso Colégio de Medelim, um padre anafado que Deus já guarda, por certo, no céu!
O eng. Ressurreição festejava mais um aniversário. Para partilhar sua ventura, convidou o corpo docente que se reuniu em sua casa. Em volta da mesa, a conversa foi fluindo e fluindo, até que chegou a vez de eu trocar diálogo com o saudoso padre, risonho, bem nutrido, vestido a rigor como na altura soía a classe dos pastores de almas! Nem lhe faltava o chapéu preto, de aba curta, a encimar a figura majestosa do robusto professor que foi!
Na altura a publicidade ao tabaco era uma constante na televisão. Também fui fumante (SG ventil era o que eu queimava...), tal como minha mulher, e bem assim o dito padre! Ora, por esse tempo, havia uma nova marca no mercado: os cigarros KART! O 'slogan' ( em voz 'off') que se impunha ao público consumidor dizia tal e qual isto: "Cigarros Kart... dão kilómetros de prazer!" Os kilómetros aliavam-se, claro está, ao veículo desportivo que dava nome aos cigarros e que também fazia as suas primeiras apresentações nas pistas do estilo, o que conjugava com a estratégia do anunciante que pretendia lançar e impor o produto!...
Palavra puxa palavra, cigarro puxa cigarro e, a páginas tantas, o padre volta-se para mim e pergunta: "Sabe porque é que o Kart é o cigarro dos padres?!" Francamente lhe respondi que ignorava a razão do fato, e aguardei a explicação! Chegando-se mais a mim, segredou-me ao ouvido: "É porque é o cigarro que dá kilómetros de prazer aos que não podem ter o prazer dos centímetros!..."
Obviamente que o riso coroou a anedota que eu desconhecia em absoluto. E lá nos atirámos a mais um pedaço de bolo, com a certeza já velha de que, afinal, um padre é um homem como outro qualquer...
4 comentários:
Que "naco do céu", esta prosa!... Eu acho que (vou tentar adivinhar) o contador dessa anedota, qual manjar divino, terá sido o meu professor de Francês, de que aqui já muito se falou (é que o Padre Albino, que me dava Moral, não cabe no retrato...). Se foi ele, fico feliz, porque também guardo memórias que mo trazem bonacheirão e sorridente... Gostava muito que tivesse sido... e a anedota é um papinho de anjo, uma barriguinha de freira, um manjar celestial... (e à custa da publicidade também fumei kart... já me tinha esquecido da marca, só lembrava o slogan)
Um padre à antiga ( anafado, de chapéu e sotaina) mas fumador ... e de Kart!... para ter kilómetros de prazer!...
Eram assim os nossos professores... sempre com pormenores maravilhosos.
O P. Albino, referido pela Luísa, já entregou, de facto, a alma ao Criador, pois faleceu há poucos anos.
Isto de fumadores apanhou-nos quase a todos. Eu comecei pelo Sagres, influências do Ten. Ribeiro. Felizmente já tomei juízo (neste campo) há 23 anos.
O próprio padre (Padre Albino? Conheci-o bem jovem: - Até a Leonilde fez greve à Aula de Moral???!!!) se afirmou "diferente", não querendo ser um homem como outro qualquer, Professor JP, aspirando "em grande e à francesa!" "Kilómetros de prazer".Santa "inocência"!!! . Aos "papinhos de anjo" ou às "barriguinhas de freira" da Luísa eu acrescento, neste caso, "orelhas de abade"!
É uma história divertida e bem contada que me faz lembrar aquela da caloira de Medicina a quem o Prof. pergunta, para começar, qual o órgão do corpo humano que dilata até... 7 vezes. Apanhada de surpresa e com a lição mal estudada... recusa-se a responder. Exame terminado com chumbo garantido.
A aluna seguinte respondeu:
- A íris, Professor.
- Muito bem. Aproveito e recomendo-lhe que diga à sua colega que se ela pensa que aquilo que ela pensou aumenta até 7 vezes... vai apanhar muitas decepções.
Desculpem a "brejeirice", mas não resisti. Se houver necessidade... apague-se, não vá constar que o mais velho é o mais "maluco" e anda para aqui a desviar a criançada.
Abração.
Tem um lugar especial nas minhas recordações o Padre Albino. Sei que faleceu há algum tempo na sua terra natal (creio eu...) que era Montes da Senhora. Li no jornal 'A Reconquista' e soube também através de um amigo e colega de trabalho que lhe era muito chegado.
Era dos professores que falavam com os alunos com grande 'à vontade' embora não tanto como o Eng. Ressurreição. Numa aula de Moral, perguntava uma menina um pouco mais atrevida: Sr Padre, beijar é pecado? Ele pensou alguns instantes como que a medir a dimensão da pergunta e repondeu: obviamente não, beijar é um acto de afecto. E veio a segunda parte da pergunta: mesmo na boca?
Aí não se sentiu com o mesmo 'à vontade' e desviou para canto.Bom homem, o Padre Albino.
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